SIDOKA TYPE BEAT: COMO FAZER UM, ANALISANDO O HIT “FUUGA”

 

O Trap de Sidoka faz muito sucesso pela característica de seu flow. Se você analisar, quando um MC ouve um beat para compor, ele pega o sentimento que lhe vem ao ouvir, transforma em linhas e transmite com a voz, em cima de uma levada. Dessa forma, um Sidoka Type Beat deve ser feito de maneira que encaixe no flow dele e que desperte as emoções específicas que os beats de seus sons nos trazem. Mas, como fazer isso?

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Para você fazer um beat a altura de um artista com tanta personalidade musical, como o Sidoka, preparamos 2 dicas completas para você fazer um Sidoka Type Beat, usando o hit “Fuuga”, que o DJ Coala produziu, como exemplo prático do que será tratado:

 

 

DICA 1: ESCOLHA BPM, ESCALA E TIMBRES DE UM TRAP

Como fazer um Sidoka Type Beat? Primeiro atenda ao gênero dele, deixando seu som com cara de um Trap.

Isso pode até ser óbvio, mas se esquecido algum detalhe desses, nunca se chegará a sonoridade do Type Beat Sidoka. Ok, mas como não fugir dessa característica?

 

BPM E ESCALA

Comece com um bpm setado em torno de 125 a 145, que é essencial pra dar ao som a cara de Trap. No caso, em “Fuuga”, foi usado 129 bpm.

Depois, escolha a escala, que é responsável por definir o sentimento que o beat vai levar ao ouvinte. Cada uma causa uma sensação distinta, que pode ser de alegria, tristeza, glória, tensão, sonho, etc.

As escalas menores são as mais usadas no Trap, pois passam ao ouvinte uma tensão e a sensação de estar sonhando. As de Am (Lá menor) e Fm (Fá menor), são as muito boas para passar isso. No caso, o Coala escolheu a de Fm.

 

TIMBRES

Bateria:preferência aos timbres digitais, ou seja, não orgânicos, que tenham uma sonoridade boa quando atuarem juntos, conversando entre si e também no mesmo tom. Se você não consegue verificar o tom do timbre de ouvido, pode usar algum analisador de espectro, como o Spectrum do Ableton Live. No caso do som, na bateria, foram usados os seguintes timbres:

  • Hihat fechado;
  • Hihat aberto;
  • Kick;
  • Snare;
  • Rim (percussão).

 

808: um timbre que combine com a parte harmônica e melódica do beat, que tenha um bom grave, um “soco” e frequências médias que possam ser exploradas. A duração, flacidez e decaimento dele também são essenciais de se observar durante a escolha, para verificar se há o casamento com restante do som. Muito cuidado, se esses pontos não estiverem acertados, o 808 facilmente estraga tudo.

 

Harmonia e Melodia: ambos os timbres de cada parte devem ter conexão, soar bem quando juntos. Timbres característicos de Trap, são:

  • Pianos;
  • Mallets (Xilofones);
  • Bells (Sinos);
  • Pluckets;
  • Flauta;
  • Horns (Trompa, Trompete e variedades).

No caso, o DJ Coala usou mallets, flauta e horns.

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Efeitos: os digitais também são os melhores aqui. No caso, foi usada uma voz no início, pré-processada, que a deixou robotizada.

 

DICA 2: A CHAVE DO SIDOKA TYPE BEAT É APROVEITAR OS TIMBRES E BALANCEAR A ESTRUTURA

Com bpm, escala e timbres escolhidos, é a hora de criar as linhas de cada timbre, explorando suas sonoridades. Nessa hora, o simples é o que mais costuma soar bem.

Quanto a estrutura, ela deve ser testada até que se alcance: 

  • Espaço para pausa;
  • Balanço de tensão e relaxamento;
  • Preferencialmente, que siga a tendência de mercado sobre o tamanho do beat (muito por conta das plataformas de streamings), não passando de 3 minutos.

Para falar de uma maneira mais detalhada sobre as linhas de instrumento e da estrutura, vamos analisar parte por parte do beat de “Fuuga”, reconhecendo e entendendo a função de cada elemento:

 

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Estrutura da música “Fuuga” ft. DJ Coala

INTRODUÇÃO

Tem a presença de dois mallets (xilofones), um fazendo a harmonia, soltando uma nota a cada compasso e outro fazendo uma parte da melodia, com arpejo. São duas notas diferentes, que ficam se repetindo e o arpejo atuando em cima delas.

Essa parte do beat foi feita junto com o Jatobá Beatz, aluno formado da Academia. Na linha de arpejo, os velocitys das notas são diferentes, causando a impressão de que algumas estão mais altas que outras, dando um toque mais humano pra melodia.

No fim do trecho, tem um efeito de voz que aparece junto com a Beat Tag do Dj Coala, e logo em seguida, vem a ponte para o refrão.

 

PONTE

Essa parte ainda não tem 808 e bateria, mas possui os mesmos timbres da introdução e três elementos novos, que são os horns (trompete) e a flauta, que vão compor a melodia.

Partes de ponte para o refrão precisam criar ansiedade pelo drop. Esses novos elementos da melodia, principalmente os horns, criam essa atmosfera de tensão, de forma simples e pontual. Analisando o comportamento dos timbres nesse trecho, vemos que:

  • Mallets: o que faz o arpejo tem uma pequena variação, mantém sua melodia, apenas suas notas que sobem uma oitava, deixando-as mais agudas que na introdução. Isso se mantém no restante do beat;
  • Horns: marcam a cada 2 compassos. Tem um de acordes, que solta dois seguidos, enquanto o outro fica soltando uma nota, reforçando a tônica (nota mais forte) do acorde, que acaba dando a impressão de que o segundo acorde é mais alto;
  • Flauta: é muito marcante por ser extremamente simples. Composta por 3 notas, ela repete 3 vezes durante cada parte. Ela conversa muito com os mallets por eles saírem nos momentos em que a flauta aparece. Isso é pergunta e resposta!

No final dessa parte tem uma pequena pausa no beat, que dá espaço pra voz e adlib do Doka fazerem a transição pro Drop do som.

 

REFRÃO 1

Nessa parte, os xilofones e a flauta se mantém e entram a bateria e o 808. Os horns não estão mais presentes, até porque não é momento pra tensão e sim de explosão de energia. As funções de cada um, são:

  • Kick: reforça o 808 e também vem no repique dele;
  • Clap: vem marcando, no .3 da grade;
  • Hihat fechado: vai ditando o compasso, brinca com pausas e com jogo de pitch, descendo e subindo na escala;
  • Hihat aberto: aparece no .2 a cada 2 compassos, bem posicionado, preenchendo sem se tornar algo repetitivo;
  • Rim: é a borda de uma snare (caixa). Esse elemento percussivo preenche a linha da bateria, dando mais groove ao ritmo;
  • 808: vem espancando, literalmente. Parece uma linha de socos, em meio a pausas que variam de tamanho, curtas e grandes, gerando balanço. São apenas 2 notas diferentes que compõem a linha e o resultado é muito bom. Simplicidade!

 

VERSO 1

Ele tem a presença do kick e dos xilofones, mas com uma variação: um xilofone faz o arpejo, como antes, e o outro, ao invés de soltar acordes, faz uma melodia bem simples e pontual. Ela reforça o arpejo, e faz o ouvinte ter a sensação de sonho, de relaxamento, ideal nesse momento do beat.

Quanto ao kick, ele varia, marcando a cada dois compassos, uma e duas vezes, respectivamente.

Deixando só esses elementos, o espaço para a voz principal, dobras e adlibs foi criado. Nos dois últimos compassos, o beat para e deixa a voz chamar o drop. É nesse momento que o Sidoka se destaca.

 

sidoka-type-beat

 

VERSO COM DROP

No meio do verso, tem um drop que dura 6 compassos. Nele, voltam os mesmos timbres do refrão, com uma variação: o arpejo recebe uma mudança sutil de notas.

No final, tem uma pausa do beat, para o solo da voz, fazendo a ponte pro verso 2.

 

VERSO 2

A grande variação aqui é a ausência da bateria. Essa parte do som, tem a presença do hihat aberto no início dele, dos xilofones, e da flauta aparecendo em lugares diferentes dessa vez, uma na primeira metade do verso, e a outra aparecendo duas vezes na segunda metade.

Os horns também voltam a aparecer, da mesma forma, trazendo aquela tensão de volta, antes do refrão.

 

REFRÃO 2

É basicamente a repetição do Refrão 1, com a adição dos horns na primeira metade dessa parte variando e deixando mais impacto.

 

FINAL

No encerramento do beat, o kick aparece uma vez, marcando o início do fim. Fora ele, só os xilofones aparecem, o de arpejo e novamente o que substitui o de acordes, formando a mesma melodia do primeiro verso, uma sequência de notas simples que trazem a sensação de relaxamento.

 

Podemos concluir que as principais características de um Sidoka Type Beat são de:

  • espaço para a voz e adlibs, por meio de pausa e retirada de instrumentos;
  • melodia e harmonia que façam o ouvinte ter a sensação de estar sonhando;
  • criação de momentos tensos e de relaxamento, variando a presença de timbres.

Como o Sidoka sempre buscar inovar, você também pode pensar em algo a mais, que seja pontual, mas que faça diferença, encaixando a sua originalidade.

Agora que você já sabe dessas características e teve um exemplo prático, estude e poste no Instagram o seu Sidoka Type Beat, marcando a @academiadebeats e o @djcoala, com a #typebeatsidoka. Os melhores, serão repostados pelo perfil da Academia de Beats!

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